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Chuvas acima da média ainda não são suficientes para baixar conta de luz, dizem especialistas
18.01.2022


Reportagem publicada pelo O Globo

Consultores concordam com o governo de que situação nos reservatórios das hidrelétricas ainda é crítica e não permite retirar bandeira tarifária

RIO e BRASÍLIA – Apesar das chuvas acima da média nos últimos meses, especialistas concordam com o governo que ainda é cedo para acabar com a bandeira tarifária de Escassez Hídrica e dar algum alívio ao consumidor na conta de luz.

Na quarta-feira, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, confirmou ao GLOBO que o governo ainda não planeja antecipar o fim da vigência da bandeira, que representa uma taxa extra sobre as tarifas de energia cobrada pelas distribuidoras. Deve ser mantido até abril.

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O encargo serve principalmente para compensar o aumento do custo da geração de energia com o acionamento de termelétricas diante da menor capacidade nas hidrelétricas provocada pela crise hídrica de 2021.

Segundo boletim do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), está chovendo mais que a média em janeiro. Mas Roberto Pereira D’Araújo, diretor do Instituto Ilumina, diz que a situação hídrica ainda é crítica.

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Segundo levantamento feito pelo especialista, o Brasil está acima dos 35% de capacidade geral dos reservatórios. O ideal para permitir o desligamento das térmicas, para ele, seria 70%.

Isso porque os reservatórios do Sudeste e do Centro-Oeste são responsáveis por mais de dois terços da capacidade de reserva das hidrelétricas do país, ele explica:

— Os reservatórios do Sudeste e Centro-Oeste estão com apenas 33%. Ou seja, é preciso muita chuva ainda para permitir acabar com a a bandeira tarifária da Escassez Hídrica.

Lavinia Hollanda, da Escopo Energia, diz que, apesar do aumento das chuvas neste início de ano na principal área de armazenamento para hidrelétricas do país, é preciso cautela. Ainda ainda não se sabe qual será o patamar de chuvas para os próximos meses, pondera:

— Por isso, não dá para acabar com a bandeira neste momento, pois é preciso entender o que vai vir ainda. Tivemos um mês e meio de chuvas acima da média, mas estamos há dois anos com hidrologia ruim.

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O presidente da consultoria Thymos, João Carlos Mello, observa que as chuvas no país entre outubro do ano passado e janeiro deste ano estão 40% acima da média do mesmo período entre 2020 e 2021. Na região Sudeste, esse aumento chega a 100% na mesma base de comparação.

Ainda sim, ele acredita ser mais prudente manter a bandeira tarifária pelo menos até fevereiro:

— O ideal é manter as térmicas acionadas ainda, pois, apesar das chuvas, ainda não sabemos como serão os próximos meses. Por outro lado, o clima mais ameno também tem ajudado a reduzir o consumo de energia, e isso pode ser levado em consideração também.

Reservatórios devem chegar a 40% no fim do mês

Com mais chuvas que a média do ano passado confirmada pelo ONS, a previsão é que o volume de água armazenado nos reservatórios localizados no Sudeste e no Centro-Oeste alcance 40% da capacidade dos reservatórios no fim do mês. Hoje, está em 33,56%.

No Nordeste, a previsão é que o volume saia dos 65,96% atuais para 70,2% no fim do mês. Nas outras regiões, a expectativa é de queda no volume armazenado.

No Norte, a projeção indica 73,2% no fim deste mês, menor que os 78,36% atuais. No Sul, o volume deve cair dos atuais 40,72% para 34,8%, segundo a previsão do ONS em seu boletim do Programa Mensal de Operação (PMO) .

Por que bandeira extra foi criada?

A bandeira emergencial, acima da vermelha, foi estabelecida pelo governo como uma forma de cobrir os custos da geração de energia por termelétricas a gás natural, óleo diesel, carvão mineral e biomassa.

Essas usinas garantiram o fornecimento de energia no país no momento crítico, em que os reservatórios das hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste ficaram em níveis historicamente baixo. O governo acionou todo o parque térmico disponível no país no segundo semestre do ano passado.

Apesar de garantir o fornecimento de energia, as termelétricas têm custos mais altos. Para evitar um colapso financeiro no sistema elétrico, o governo criou a taxa extra e deve manter essa bandeira até abril.

A bandeira cobre os custos do sistema no ano passado e não neste ano, no início do período úmido.

Termelétricas já geraram rombo de R$ 12 bi

De acordo com dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o balanço entre os gastos com termelétricas e o arrecadado com as bandeiras acumula um rombo de R$ 12,3 bilhões até novembro. Essa conta é transferida para os consumidores por meio das tarifas.

A Aneel previa um reajuste médio de 20% nas contas neste ano, por conta dos custos da crise hídrica em 2021. Para evitar esse “tarifaço”, o governo prepara um empréstimo de cerca de R$ 15 bilhões para o setor, por meio das distribuidoras de energia e embutido nas contas de luz.

Esse financiamento alivia as contas de luz agora, mas precisará ser pago no futuro, com juros.

O nível dos reservatórios de Sudeste e do Centro-Oeste — regiões consideradas a “caixa d’água” do setor — caíram para 16% em setembro. Com as chuvas nas últimas semanas, deve fechar janeiro a casa de 40%, maior que o registrado no mesmo período do ano passado (23%).

D’Araújo avalia que só o investimento em fontes de energia renováveis, como solar e eólica, podem reduzir a demanda de termelétricas, que são mais caras, e dispensar o sistema de bandeiras.

— Sou contra o regime das bandeiras. O ideal é ampliar o investimento. Se o Brasil crescer 3% não vamos ter energia suficiente — alerta.

Seca na hidrelétrica de Ilha Solteira Foto: (Foto: Foto: Fotoarena / Agência O Globo)

Para economizar, ligue o aparelho apenas quando for dormir e desligue logo ao acordar. Uma opção é usar a função sleep, disponível em alguns modelos. Outro cuidado é manter o ar-condicionado em temperatura adequada. Especialistas recomendam 23ºC. Não é preciso colocar temperatura muito baixa, para não gastar muita energia. (Foto: Foto: Pixabay)

Em uma família com quatro pessoas, o uso do chuveiro elétrico corresponde a cerca de 25% da conta de luz. Para economizar, evite banhos muito longos e dê preferência a usar o chuveiro no modo verão, que economiza até 30% de energia (Foto: Foto: Pixabay)

Quando a porta fica muito tempo aberta, o motor funcionará mais, gastando mais energia. É importante também manter a borracha de vedação da porta da geladeira em bom estado. Ao viajar, uma opção é esvaziar a geladeira e desligá-la da tomada. (Foto: Foto: Pixabay)

A substituição de lâmpadas incandescentes pelas de LED pode gerar uma redução de 75% a 85% no consumo de energia. Além disso, essas lâmpadas duram mais. Em relação às lâmpadas fluorescentes, a economia é de cerca de 40% (Foto: Foto: Pixabay)

Dê preferência a lavar uma grande quantidade de roupas, para economizar água e energia. Evite colocar muito sabão, para não ter de enxaguar duas vezes. Na hora de passar, a melhor opção é juntar roupas e passar uma grande quantidade de uma vez. Desligue o ferro quando for interromper o serviço. Use a temperatura indicada para cada tipo de tecido e comece pelas roupas mais leves. (Foto: Foto: Pixabay)

O uso do ventilador de teto durante 8 horas por dia gera um gasto de apenas R$ 18 por mês. Mesmo assim, é importante evitar deixar o aparelho ligado quando não houver ninguém no cômodo. Na hora de comprar, lembre-se que quanto maior o diâmetro das hélices, maior o consumo de energia. (Foto: Foto: Pixabay)

No caso dos eletrônicos, a recomendação é desligar o televisor e os videogames quando ninguém tiver usando. Retirar os aparelhos da tomada também ajuda a poupar energia. (Foto: Foto: Arquivo)

Usina Hidrelétrica de Marimbondo fica na divisa de São Paulo com Minas Gerais, entre os municípios de Icém e Fronteira (Foto: Foto: Michel Filho / Agência O Globo)

Nível do reservatório de Marimbondo está abaixo dos 30% (Foto: Foto: Michel Filho / Agência O Globo)

Com o nível baixo, mariscos ficam presos na cerca que fica dentro da represa da Hidrelétrica (Foto: Foto: Michel Filho / Agência O Globo)

Unidade foi construída entre 1971 e 1977 e é a segunda maior sob controle de Furnas (Foto: Foto: Michel Filho / Agência O Globo)

Afetado pela estiagem, nível só alcançou o máximo, de 90%, em maio do ano passado (Foto: Foto: Michel Filho / Agência O Globo)

Régua de medição do nível da água na represa de Marimbondo mostra situação preocupante (Foto: Foto: Michel Filho / Agência O Globo)

A rede de distribuição de energia da usina, em detalhe (Foto: Foto: Michel Filho / Agência O Globo)

O uso massivo de energia solar no país, que até pouco tempo atrás parecia uma coisa improvável, está avançando rapidamente (Foto: Foto: Divulgação)

Brasil volta ao ranking dos dez maiores maiores países em expansão da energia solar (Foto: Foto: Jose Manuel Ribeiro / REUTERS)

Placas de energia solar no teto da Cadeg, Mercado Municipal do Rio de Janeiro. Vinte por cento da expansão foram nos telhados (Foto: Foto: Gabriela Fittipaldi / Agência O Globo)

Planta solar da Equinor no Ceará (Foto: Foto: Divulgação)

Parque Solar Nova Olinda, da Enel, em Ribeira do Piauí (PI). Brasil volta ao ranking dos dez países com maior expansão na energia solar (Foto: Foto: Divulgação/Enel)

Módulos fotovoltaicos em um parque solar em Guaimbê, no interior de São Paulo (Foto: fotovoltaicos em um parque solar em Guaimbê, no interior de São Paulo Foto: Jonne Roriz / Bloomberg)

China ocupa o primeiro lugar no ranking de expansão de energia solar. Painel solar em uma fazenda da China (Foto: Foto: Bloomberg)

Os combustíveis foram os principais vilões da inflação em 2021. O etanol disparou 62,23% no ano passado. Já a gasolina, 47,49%. O gás de botijão subiu 36,99%. São preços que influenciam outros preços na economia (Foto: Foto: Edilson Dantas / Agência O Globo)

Com a alta nos preços dos combustíveis, o grupo dos transportes teve alta forte em 2021, pesando no bolso dos mais pobres. A alta acumulada foi de 21,03% (Foto: Foto: Fabiano Rocha / Agência O Globo)

Entre os gêneros alimentícios, o café foi um dos que mais encareceram em 2021. Os alimentos formam um dos grupos de maior alta de preços na composição do IPCA: subiram 14% no ano passado. As bebidas ficaram, em média, 7,94% mais caras. (Foto: Foto: Arquivo)

Até mesmo o churrasco, uma das principais escolhas de lazer do brasileiro nas horas vagas, ficou salgado em 2021. As carnes subiram 8,45% em média no ano passado (Foto: Foto: Fábio Rossi / Agência O Globo)

Outro item essencial no orçamento do brasileiro, a energia elétrica disparou em 2021 sob efeito da crise hídrica, que limitou a operação de hidréletricas. No ano, tarifa de eletricidade residencial subiu 21,21% (Foto: Foto: TINGSHU WANG / Reuters)

A inflação fez disparar o IGP-M, índice que reajusta contratos de aluguel, que tiveram alta média de 6,96% segundo o IBGE. Além disso, preços de material de construção encareceram imóveis novos e reformas. Resultado: o grupo habitação acumulou alta de 13,05% em 2021. (Foto: Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo)


Fonte: https://www.absolar.org.br/noticia/chuvas-acima-da-media-ainda-nao-sao-suficientes-para-baixar-conta-de-luz-dizem-especialistas/


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