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Solar e baterias em rede 5G
30.10.2021


Muito aguardado, o leilão do 5G no Brasil está marcado para ocorrer em 04/11. A energia solar fotovoltaica, juntamente com sistema de armazenamento em bateria, poderá ser aplicada para levar o 5G a locais sem conexão com a rede elétrica. E a quinta geração de internet móvel também pode trazer benefícios ao funcionamento das usinas renováveis. 

O 5G tem como características as altas taxas de transmissão de dados e baixa latência. Contudo, serão necessárias mais torres de 5G para cobrir a mesma área que em tecnologias anteriores, apontou à Brasil Energia o gerente de Portfólio de Energia da Imagem Geosistemas, Augusto Carvalho.

“A solar pode ser usada em áreas urbanas e rurais que não têm acesso a energia elétrica, nas quais os custos de estender a rede elétrica apenas para alimentar uma célula de 5G não compensam para ninguém. Combinada com sistemas de armazenamento de energia em baterias, a solar é uma solução robusta e econômica”.

Tal solução também é indicada para áreas que são atendidas por rede elétrica, porém de forma instável, para garantir a continuidade do sinal de internet. Carvalho destaca a baixa necessidade de manutenção da energia solar e a queda de custos da tecnologia nos últimos anos como fatores que a tornam mais atrativa.

O edital do leilão do 5G, publicado pela Anatel no último dia 27, estabelece compromissos nacionais e regionais de investimentos de cobertura e backhaul que obrigam as empresas vencedoras do leilão a atenderem áreas pouco ou não servidas, como localidades e estradas, com tecnologia 4G ou superior. Nas capitais e no Distrito Federal, o 5G deverá começar a ser oferecido pelas vencedoras do certame antes de 31 de julho do ano que vem.

Segundo a Anatel, todos os municípios brasileiros possuem acesso à telefonia móvel, o que não significa que suas áreas urbanas são totalmente cobertas, e 91,2% possuem sinal 3G ou 4G. Na malha rodoviária pavimentada de jurisdição federal, apenas 46% da extensão tem sinal 3G ou 4G. A expansão dos trechos rodoviários cobertos deve melhorar a infraestrutura de transporte de cargas e passageiros.

Membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE), Wilson Cardoso afirma à Brasil Energia que 9 mil locais que hoje não têm conexão móvel terão que ser conectados ao 5G ou 4G. “Nessas áreas, é muito provável que sejam instalados painéis fotovoltaicos para alimentar as torres”, diz, enfatizando que a fonte solar é hoje a solução mais usada para garantir a conectividade em sites remotos pelo mundo.

Redes privadas

Cardoso, que também é diretor de soluções da Nokia na América Latina, aposta que as grandes geradoras de energia renovável vão instalar redes privadas 5G em suas usinas no Brasil. Isso vem ocorrendo nos Estados Unidos, França e Dinamarca, segundo ele, para melhorar a produtividade e o controle de parques solares e eólicos.

“As empresas não dependem necessariamente de uma operadora para fazer uma rede de telecomunicações dentro de uma fazenda solar ou eólica. Então, obtendo-se uma outorga da Anatel, é possível fazer uso de uma frequência em que o gerador pode conectar todos os dispositivos da usina por meio do 5G, que é uma rede muito mais compacta. Assim, ele pode fazer o monitoramento dos equipamentos em tempo real e controle do perímetro de segurança com câmeras”.

A Neoenergia já obteve autorização da Anatel para utilizar a frequência de 3,5 Gigahertz (GHz) e investiu no ano passado na construção de uma rede 4G LTE privada, em parceria com a Nokia. Nesse caso, o projeto é voltado para o segmento de distribuição de energia elétrica, na região de Atibaia (SP), área de concessão da Elektro. A companhia optou por uma rede própria para garantir maior confiabilidade à transmissão de dados para o centro de operações.

Estratégia da TIM

Do lado das operadoras, a TIM tem ativado projetos de 5G DSS no Brasil desde 2019, para seus clientes terem uma experiência mais próxima da quinta geração, ainda que não em sua forma “pura” e com todos os benefícios. Neste ano, iniciou pilotos com 5G Stand Alone, o padrão definido pelo governo federal para implementação da rede no país, para demonstração de aplicações e avaliações técnicas.

“Acreditamos que as metas estabelecidas pelos termos do edital do leilão estão de acordo com a necessidade da expansão do 5G e da tecnologia 4G, a qual ainda terá relevância para os próximos anos. A TIM é líder em cobertura 4G no Brasil e tem o compromisso público de levar esse serviço a todos os 5.570 municípios brasileiros até 2023”, afirma o diretor de Engenharia e Implementação de Rede da empresa, Marco Di Costanzo.

Para levar a cobertura 4G a distritos, vilas, estradas, resorts e pontos turísticos, a TIM executa um projeto chamado Sky Coverage, em que utiliza painéis solares para alimentar torres e antenas. Também são usadas baterias de lítio, que garantem autonomia completa e mais capacidade para ciclos de carga e descarga, resultando em maior vida útil dos equipamentos.

O diretor aponta que a nova geração 5G traz, além do aumento de velocidade de transferência de dados e redução de latência, um incremento da densidade de conexões, na ordem de aproximadamente 10 vezes quando comparada com a atual geração 4G. “Esse incremento de prestações é possível graças à alta capacidade de processamento dos novos equipamentos, o que determina um incremento do consumo de energia. Por conta disto, torna-se importante a adoção de planos de eficiência de forma intensa e paralela à construção da nova rede”.

Di Costanzo cita projetos como otimização de temperatura, revisão dos contratos de energia compartilhada, modernização de equipamentos de energia e ativação de novas funcionalidades avançadas como a peak shaving, que significa reduzir o consumo no horário de pico, quando a tarifa é mais cara. Isso é feito, geralmente, com uso de sistema de armazenamento de energia elétrica em bateria que é carregado quando a demanda está baixa, para poder substituir a rede elétrica nos momentos em que essa demanda for mais alta.

Elevação do consumo

A fornecedora de infraestrutura digital crítica Vertiv indica que mesmo que as redes 5G sejam até 90% mais eficientes do que suas antecessoras 4G, elas ainda exigem muito mais energia elétrica. E estima que o uso global da tecnologia 5G aumente o consumo de energia no setor de telecomunicações entre 150% e 170% até 2026.

Pensando no esperado crescimento do uso de energia com a quinta geração, bem como na sustentabilidade de suas atividades, as operadoras de telecomunicações que atuam no país têm apostado na construção de usinas solares, hídricas e de biogás nos últimos anos. A Tim, por exemplo, prevê ter 90% do consumo energético proveniente de fontes renováveis até 2025.

Diferentemente das mudanças nas gerações passadas, o foco do 5G não está somente no incremento de taxas de transmissão, mas também na especificação de serviços que permitam o atendimento a diferentes aplicações. Uma grande promessa desta tecnologia é massificar e diversificar a Internet das Coisas (IoT) em diversos setores, como segurança pública, telemedicina e cidades inteligentes.


Fonte: Editora Brasil Energia


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